A Faixa de Gaza, uma estreita faixa de terra ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo, é um dos territórios mais densamente povoados e geopoliticamente complexos do mundo. Este enclave, parte do Estado da Palestina, junto com a Cisjordânia, é cercado por Israel a leste e ao norte, e pelo Egito ao sul, com uma população que ultrapassa os dois milhões de habitantes. Em seus 365 quilômetros quadrados, a Faixa de Gaza apresenta uma combinação única de desafios geográficos, sociais e políticos que refletem a difícil realidade vivida por seus residentes.
Com aproximadamente 40 km de comprimento e uma largura máxima de apenas 12 km, a Faixa de Gaza se destaca pela alta concentração populacional. A cidade de Gaza, que abriga cerca de 700.000 pessoas, é o coração deste território, onde metade da população é composta por crianças. A densidade demográfica em Gaza é impressionante, resultando em algumas das áreas urbanas mais lotadas do planeta. A maioria dos habitantes de Gaza é considerada refugiada pelas Nações Unidas, e ao longo dos anos, os campos de refugiados evoluíram para comunidades permanentes que se integram ao tecido urbano.
No entanto, a vida na Faixa de Gaza é marcada por dificuldades extremas. Desde que o Hamas assumiu o controle da área em 2007, Israel declarou Gaza como uma “entidade hostil” e impôs um embargo terrestre, aéreo e marítimo, restringindo severamente a movimentação de pessoas e bens. A fronteira terrestre com Israel é fortemente vigiada, protegida por barreiras de concreto e cercas de arame farpado, e o acesso à zona tampão de 100-300 metros ao longo da fronteira é proibido.
Embora existam dois pontos de passagem para civis – Rafah, ao sul, que liga Gaza ao Egito, e Erez, ao norte, que conecta Gaza a Israel – o movimento através dessas fronteiras é extremamente limitado. A travessia de Rafah é o principal portal de entrada e saída do território, especialmente após o fechamento de outras passagens ao longo do tempo. Além disso, uma travessia adicional no extremo sul do território serve como um ponto de controle para produtos vindos do Egito.
A infraestrutura de Gaza está em estado crítico, resultado de anos de conflitos, bloqueios e falta de financiamento. A região é servida por uma única usina elétrica a diesel, que é insuficiente para atender à demanda energética da população. Embora Gaza receba eletricidade através de cabos provenientes de Israel, a área sofre com frequentes cortes de energia, mesmo em tempos de paz.
O acesso à água potável é outro grande desafio. A principal fonte de água doce de Gaza, o Aquífero Costeiro, está sendo esgotada devido à extração excessiva e à intrusão de água salgada, tornando a dessalinização uma necessidade. Embora a infraestrutura para tratamento de água esteja melhorando gradualmente graças ao financiamento internacional, os danos causados por anos de negligência e ataques aéreos contínuos ainda afetam a qualidade de vida na região.
O conflito constante deixou marcas profundas em Gaza, com grande parte de sua infraestrutura em ruínas. O Aeroporto Internacional Yasser Arafat, que simbolizava uma era de esperança para a conectividade de Gaza com o mundo, foi fechado em 2002 e hoje é uma sombra do que já foi destruído por bombardeios aéreos.
Apesar das adversidades, a resiliência da população de Gaza é notável. Com o apoio internacional, a região tem visto alguns progressos, especialmente na área de saneamento básico, com uma redução na quantidade de esgoto bruto despejado no Mar Mediterrâneo. No entanto, a reconstrução total e a estabilização da Faixa de Gaza dependem de uma paz duradoura e de um compromisso global para aliviar o sofrimento da população.
Gaza, em sua geografia e história, encapsula os desafios mais urgentes do século XXI – desde a gestão de recursos escassos até os conflitos prolongados que moldam a vida de milhões. Compreender a Faixa de Gaza é essencial para entender a complexa dinâmica do Oriente Médio e as questões globais de direitos humanos, soberania e sobrevivência.