O Acordo de Paris é essencial para combater as mudanças climáticas. Entenda suas metas, desafios e o impacto global na luta pelo clima.
Em 2015, quase 200 países reunidos em Paris alcançaram um marco histórico: um pacto global para combater as mudanças climáticas e evitar as catastróficas consequências de um aumento descontrolado das temperaturas globais. Esse acordo, conhecido como Acordo de Paris, estabeleceu metas ambiciosas, mas seu impacto tem sido desafiado por políticas conflitantes e compromissos insuficientes.
O que é o Acordo de Paris?
O Acordo de Paris é a base de um esforço mundial para limitar o aumento da temperatura média global a no máximo 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, enquanto trabalha para mantê-lo “bem abaixo” de 2°C. Essa meta, acordada por cientistas e líderes políticos, reflete a crescente evidência de que qualquer aumento além de 1,5°C resultaria em impactos climáticos devastadores.
Adotado em dezembro de 2015, o acordo entrou em vigor em 4 de novembro de 2016 e é único por sua abrangência global e abordagem colaborativa. Ele exige que cada país defina metas próprias de redução de emissões, revisadas a cada cinco anos, com o objetivo de aumentar gradativamente a ambição climática.
Além disso, os países mais ricos se comprometeram a ajudar as nações em desenvolvimento, fornecendo financiamento climático para adaptação e transição energética.
O Papel do Financiamento Climático
Um dos pilares do Acordo de Paris é o apoio financeiro aos países em desenvolvimento, que enfrentam os maiores desafios decorrentes das mudanças climáticas. Desde 2009, as nações desenvolvidas prometeram arrecadar US$100 bilhões anualmente até 2020. Apesar dos atrasos, a meta foi alcançada em 2022.
No entanto, a realidade dos impactos climáticos tem exigido esforços ainda maiores. Na COP 29, realizada em novembro de 2024, os países concordaram em expandir o financiamento climático para US$300 bilhões anuais até 2035, com um objetivo mais amplo de mobilizar US$1,3 trilhão de fontes públicas e privadas no mesmo período.
Embora promissor, esse compromisso tem sido criticado por países em desenvolvimento como insuficiente frente à magnitude dos desafios enfrentados, como secas extremas, inundações devastadoras e aumento do nível do mar.
Por que Limitar o Aquecimento a 1,5°C é Crucial?
Os cientistas alertam que cada fração de grau acima de 1,5°C intensifica os riscos climáticos. Ondas de calor tornam-se mais frequentes e intensas, tempestades e furacões aumentam em força, incêndios florestais se tornam mais comuns, e ecossistemas inteiros, como os recifes de coral, enfrentam destruição quase total.
Por exemplo, com 2°C de aquecimento:
- O aumento do nível do mar pode expor milhões de pessoas a inundações severas.
- Mais de 99% dos recifes de coral desapareceriam, em comparação com 70% a 90% perdidos a 1,5°C.
- Dias extremamente quentes seriam 4°C mais quentes em média, contra 3°C no cenário de 1,5°C.
A meta de 1,5°C não é apenas uma questão de números, mas uma tentativa de preservar a estabilidade climática necessária para a sobrevivência de bilhões de pessoas.
O Impacto das Políticas Americanas
Os Estados Unidos, como o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, desempenham um papel crucial no sucesso do Acordo de Paris. Contudo, a retirada do acordo pelo presidente Donald Trump, em 2017, representou um duro golpe. Trump justificou sua decisão argumentando que o acordo “sobrecarregava injustamente os Estados Unidos” e ignorava os interesses econômicos do país.
Essa saída foi simbólica e prática: enfraqueceu a liderança global no combate às mudanças climáticas e abriu precedentes para outros países avaliarem seus compromissos.
Com a eleição de Joe Biden em 2020, os EUA voltaram ao acordo em 2021, mas o tempo perdido dificultou o alcance das metas globais. Essa alternância de compromissos reflete o impacto das políticas internas nos esforços globais de mitigação climática.
O Que Foi Conquistado Desde 2015?
Desde a assinatura do Acordo de Paris, as nações têm trabalhado para transformar metas em ações concretas. As cúpulas climáticas anuais, conhecidas como COPs, monitoram o progresso.
Apesar de avanços em algumas áreas, como o aumento do uso de energia renovável, os compromissos climáticos atuais ainda colocam o planeta em um caminho de aquecimento entre 2,6°C e 2,8°C até 2100, segundo estimativas da ONU.
Na COP 28, em dezembro de 2023, os países concordaram em “contribuir” para a transição dos combustíveis fósseis. No entanto, sem medidas específicas ou obrigatórias, o progresso foi limitado.
O Futuro do Acordo de Paris
O Acordo de Paris continua sendo uma peça fundamental no combate às mudanças climáticas. Ele reconhece que o desafio global exige ação coletiva e solidariedade entre nações.
Ainda assim, para que as metas do acordo sejam alcançadas, é necessário que os países intensifiquem seus compromissos. Isso inclui reduzir drasticamente o uso de combustíveis fósseis, aumentar os investimentos em energias renováveis e priorizar soluções baseadas na natureza, como a restauração de florestas.
A responsabilidade não recai apenas sobre governos, mas também sobre empresas e cidadãos. Cada ação conta para evitar os cenários mais sombrios projetados pelos cientistas.
O Acordo de Paris é mais do que um tratado internacional; ele representa a esperança de um futuro sustentável. Contudo, seu sucesso depende de ações decisivas e contínuas. À medida que o mundo enfrenta desafios climáticos cada vez mais severos, o compromisso com as metas de Paris se torna essencial para garantir a segurança e o bem-estar das gerações futuras.