Na era da crise climática, as emissões da agricultura rivalizam com as de setores tradicionalmente visados. Descubra como o sistema alimentar global, responsável por um terço das emissões de gases de efeito estufa, pode se adaptar em um mundo cada vez mais desafiador.
Quando se pensa em emissões de gases de efeito estufa, é comum visualizar cidades congestionadas ou chaminés industriais lançando fumaça. No entanto, a verdade é que nosso sistema alimentar, crucial para a sobrevivência global, contribui significativamente para a crise climática. Segundo a FAO, a agricultura é responsável por 21% das emissões globais de dióxido de carbono, principalmente devido ao uso da terra e ao desmatamento. Além disso, 53% do metano e 78% do óxido nitroso, ambos poderosos gases de efeito estufa, são emitidos pela agricultura, derivados principalmente da respiração e do esterco animal, bem como do uso intensivo de fertilizantes.
Embora as conferências climáticas globais frequentemente negligenciem a agricultura em favor de combustíveis fósseis, seu impacto ambiental não pode ser subestimado. Enquanto o lobby dos combustíveis fósseis enfrenta escrutínio público, a complexidade da segurança alimentar adiciona camadas adicionais às discussões sobre sustentabilidade. Essa dualidade é evidente nos esforços da União Europeia para reformar seu setor agrícola, com subsídios destinados a promover práticas agrícolas mais ecológicas, como a redução gradual do uso de pesticidas e fertilizantes, e o aumento da agricultura orgânica. No entanto, o desafio é imenso, com agricultores enfrentando aumento de custos e condições climáticas adversas que minam esses esforços.
Um ponto crucial para uma agricultura sustentável é a redução do consumo de carne. Enquanto os seres humanos utilizam oito vezes mais terra para criar animais do que para o cultivo de alimentos, a produção de carne bovina, por exemplo, é notoriamente intensiva em recursos. Para cada quilo de carne bovina, são necessários aproximadamente 7.000 litros de água e a emissão de gases como metano e óxido nitroso é significativa. Comparativamente, alimentos de base vegetal como o tofu produzem consideravelmente menos emissões de CO2 por caloria.
Apesar dos desafios, há esperança no potencial da fotossíntese para mitigar as emissões de carbono. Projetos ambiciosos de reflorestamento, como a proposta de plantar um trilhão de árvores, promovem a absorção de CO2 da atmosfera. No entanto, esses esforços enfrentam obstáculos, como o desmatamento contínuo e o impacto das mudanças climáticas nas capacidades das árvores de sequestro de carbono.
Concluindo, a transição para uma agricultura sustentável não é apenas uma questão ambiental, mas uma necessidade urgente para a segurança alimentar global e a mitigação das mudanças climáticas. Sem abordar integralmente as emissões da agricultura, não podemos alcançar um sistema alimentar verdadeiramente sustentável.
