No imaginário futuro, energias renováveis substituem os combustíveis fósseis. Contudo, a realidade atual exige alinhamento rápido da política com a tecnologia.
Imaginemos uma Londres do século XXII, vista por visitantes alienígenas, livre da fuligem da Revolução Industrial, abastecida por turbinas eólicas e painéis solares. Este cenário futurista, impensável há décadas, está se tornando uma meta viável graças aos avanços tecnológicos recentes. Desde a Revolução Industrial, a humanidade tem dependido intensamente de combustíveis fósseis, impulsionando o progresso em todas as esferas da vida, da medicina aos transportes. No entanto, este progresso veio com um custo ambiental e climático alarmante.
A partir de março de 2023, sinais de mudanças climáticas drásticas têm surpreendido cientistas em todo o mundo. O aumento recorde na temperatura do Oceano Atlântico Norte e o derretimento acelerado do gelo na Groenlândia são apenas algumas das evidências alarmantes. Estamos à beira de perturbar sistemas climáticos globais cruciais, como a Circulação de Inversão Meridional do Atlântico, com consequências imprevisíveis para o clima global.
Apesar desses desafios, há motivos para otimismo. O relatório mais recente da Agência Internacional de Energia revelou que, embora as emissões globais de carbono tenham aumentado, economias avançadas reduziram suas emissões para níveis não vistos desde 1973. Além disso, tecnologias limpas como energia solar, eólica e veículos elétricos estão avançando rapidamente. Em 2023, a capacidade solar aumentou em 85%, enquanto novos parques eólicos e adoção de veículos elétricos cresceram significativamente.
A China, líder global em produção de energia renovável, adicionou 420 gigawatts de energia solar ao seu mix energético, impulsionando ainda mais a transição global para fontes sustentáveis. Empresas como a CATL estão reduzindo custos de baterias, tornando a energia solar e eólica mais acessível do que nunca. Contudo, tecnologias emergentes como a captura direta de ar (DAC) ainda enfrentam desafios de implementação em larga escala, apesar de sua necessidade potencial para mitigar emissões remanescentes.
A adaptação às mudanças climáticas também é crucial. Com eventos climáticos extremos se tornando mais frequentes, a ONU está trabalhando para expandir sistemas globais de alerta precoce até 2027. O livro de Tecnologias Verdes da Organização Mundial da Propriedade Intelectual lista mais de 200 soluções adaptativas ao redor do mundo, abrangendo desde agricultura resiliente até infraestrutura urbana sustentável.
Recentemente, a proposta suíça de criar um órgão da ONU para estudar tecnologias que reduzam a radiação solar foi debatida internacionalmente. Enquanto alguns argumentam que medidas drásticas podem prejudicar esforços de mitigação, outros veem na tecnologia climática um aliado crucial na luta contra as mudanças climáticas.
Em suma, embora a tecnologia climática tenha avançado rapidamente, a política climática precisa acompanhar esse ritmo para evitar consequências irreversíveis. O futuro da humanidade depende não apenas de inovações tecnológicas, mas também de políticas eficazes que promovam uma transição justa e sustentável para todos.