Descubra os avanços da clonagem, os dilemas éticos e os riscos envolvidos. Será possível clonar seres humanos?
Provavelmente você já ouviu falar de Dolly, a ovelha mais famosa do mundo, o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula adulta.
Mas ela não está sozinha nessa jornada. Outros animais, como cachorros, gatos, lobos e cavalos, já foram gerados utilizando processos semelhantes de clonagem.
Porém, essa tecnologia levanta uma pergunta intrigante: será que um dia será possível clonar seres humanos?
Para entender melhor essa questão, é preciso compreender o que significa clonar alguém.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos Estados Unidos, clonar é criar cópias geneticamente idênticas de uma entidade biológica.
A palavra “clone” vem do grego “klon”, que significa “broto”, uma referência à capacidade de certos organismos, como vegetais, fungos e bactérias, se reproduzirem assexuadamente, um processo que pode ser considerado uma forma de clonagem.
No entanto, quando falamos de animais que se reproduzem sexuadamente, o assunto se torna bem mais complexo.
Como os cientistas conseguiram duplicar um ser vivo?
A resposta não é tão simples quanto parece. A clonagem animal se divide em dois tipos principais: a clonagem natural, que ocorre sem intervenção científica, e a clonagem induzida, que é feita artificialmente utilizando técnicas de engenharia genética.
A clonagem natural é vista, por exemplo, em casos de irmãos gêmeos idênticos, que são resultado da fecundação tradicional de um óvulo por um único espermatozóide, seguida pela divisão do zigoto em dois, gerando dois seres extremamente parecidos. Já a clonagem induzida é realizada em laboratório e se divide em clonagem terapêutica e clonagem reprodutiva.
Na clonagem terapêutica, os cientistas retiram o núcleo de um óvulo e o substituem pelo núcleo de uma célula somática não reprodutiva, que, no caso dos seres humanos, possui 46 cromossomos.
Esse embrião é então desenvolvido até atingir a fase de blastocisto, que consiste em células pluripotentes capazes de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo, oferecendo potencial para o tratamento de diversas doenças.
Já na clonagem reprodutiva, o procedimento é similar até a fase de blastocisto, mas nesse caso, o embrião é implantado no útero para se desenvolver como em uma gestação tradicional, dando origem a um novo animal geneticamente idêntico ao animal que doou a célula original.
O histórico da clonagem remonta ao final do século XIX, quando o cientista alemão Hans Driesch conseguiu gerar dois ouriços do mar a partir da separação de uma célula embrionária única.
Posteriormente, nos anos 1930, o cientista alemão Hans Spemann deu importantes contribuições ao desenvolvimento dos estudos de clonagem, recebendo inclusive um prêmio Nobel por suas pesquisas.
No entanto, foi somente em 1996 que a clonagem ganhou destaque mundial com o nascimento de Dolly, a ovelha. Dolly foi o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula somática adulta, um marco na história da biotecnologia.
Desde então, a clonagem de animais se tornou mais comum, com o nascimento de diversos clones em todo o mundo.
Apesar dos avanços na clonagem animal, a clonagem humana continua sendo um tema extremamente controverso.
Organizações como a UNESCO emitiram declarações rejeitando práticas contrárias à dignidade humana, incluindo a clonagem reprodutiva de seres humanos.
No Brasil, por exemplo, a Lei da Biossegurança de 2005 proíbe a clonagem humana, estabelecendo penas de reclusão e multa para quem cometer esse crime.
Os benefícios da clonagem humana seriam enormes, permitindo que casais inférteis tivessem filhos e até mesmo ressuscitando pessoas falecidas.
No entanto, os malefícios também seriam significativos, incluindo dilemas éticos, riscos para a saúde dos clones e possíveis abusos, como a criação de exércitos de seres humanos em escala industrial.