A imagem de Hammams fechados está se tornando comum no Marrocos, refletindo uma crise de seca sem precedentes que assola o país. Localizado ao norte do deserto do Saara, Marrocos sempre enfrentou períodos de seca e calor extremos, moldando sua arquitetura, cultura e até mesmo sua culinária para se adaptar a um ambiente predominantemente árido.
Impacto da Seca na Economia e Agricultura
A economia marroquina é fortemente dependente da agricultura, que emprega 31% da população trabalhadora e contribui com 14% das exportações nacionais. No entanto, o setor agrícola é notoriamente sedento, consumindo 88% da água disponível no país. A seca atual, agora em seu sexto ano consecutivo, representa uma das mais severas já registradas. Em dezembro de 2023, o Ministro de Equipamentos e Água, Nizar Baraka, alertou que a precipitação havia diminuído em 67% em comparação com a média anual.
Aumento das Temperaturas e Escassez de Água
Entre 1971 e 2017, a temperatura média anual em todo o Marrocos aumentou 1,7°C. Regiões como o norte e centro do país, tradicionalmente férteis, viram um aumento de 2°C nas temperaturas médias anuais. Essa tendência de aquecimento está acompanhada por uma redução na precipitação média anual, exacerbando a escassez de água.
Impacto nos Recursos Hídricos e Infraestrutura
Os reservatórios nacionais estão operando com apenas 23% de sua capacidade, uma situação agravada pela rápida evaporação em um clima cada vez mais quente. O reservatório Al Massira, por exemplo, que atende áreas críticas entre Casablanca e Marrakech, hoje contém apenas 3% de sua capacidade média de água em comparação com nove anos atrás.
Medidas de Mitigação e Controvérsias
Diante dessa crise, o governo marroquino implementou várias iniciativas para aliviar a pressão sobre os recursos hídricos. Uma das medidas mais controversas foi o fechamento dos hammams públicos três dias por semana para economizar água. Enquanto alguns argumentam que os hammams representam apenas 2% do consumo total de água do país e que outras indústrias, como spas e piscinas de hotéis de luxo, permanecem sem restrições, defensores da medida destacam que cada hammam utiliza em média 140 litros de água para homens e 250 litros para mulheres, e com cerca de 20.000 hammams no país, o fechamento parcial pode fazer uma diferença significativa.
Outras Iniciativas de Mitigação
Além do fechamento dos hammams, o governo está construindo 18 novas barragens até 2030 para aumentar a capacidade de armazenamento de água em quase um terço. Planos adicionais incluem aumentar a reciclagem de águas residuais e expandir usinas de dessalinização para fornecer um bilhão de metros cúbicos de água por ano até 2028, reduzindo a dependência das barragens e dos lençóis freáticos.
Com projeções climáticas indicando um aumento contínuo nas temperaturas e na frequência de secas e ondas de calor, o futuro do Marrocos depende de sua capacidade de adaptação e inovação em gestão de recursos hídricos. Enquanto aguarda ansiosamente um final de primavera mais úmido, o país enfrenta desafios significativos na proteção de seu meio ambiente e na sustentabilidade de suas comunidades.