O cobalto desempenha um papel crucial na transição global para energias renováveis, sendo fundamental para as baterias de dispositivos eletrônicos, veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia. Junto com outros minerais críticos como cobre, magnésio e silício, o cobalto é essencial para a revolução verde em curso.
No entanto, essa dependência enfrenta sérios dilemas éticos e ambientais, especialmente em relação à mineração, que muitas vezes ocorre em condições extremamente precárias. Um exemplo preocupante é a situação na República Democrática do Congo (RDC), onde a maioria das reservas mundiais de cobalto está concentrada. Aqui, relatos alarmantes de trabalho infantil, abuso dos direitos humanos e devastação ambiental estão amplamente documentados.
A pressão para atender às metas climáticas, como as estabelecidas no Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, intensifica ainda mais a demanda por minerais de transição energética. Na última Conferência das Partes (COP28), líderes globais concordaram em aumentar significativamente a capacidade de energia renovável até 2030. No entanto, essa transição não pode ocorrer sem um suprimento estável e ético de minerais críticos.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda por minerais usados em tecnologias limpas deve crescer consideravelmente até 2030 para alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Isso inclui não apenas o cobalto, mas também lítio, grafite e terras raras, essenciais para baterias e turbinas eólicas.
Antônio Guterres, Secretário-Geral da ONU, destacou a necessidade urgente de abordar os desafios associados à extração desses recursos. Em resposta, está sendo estabelecido um painel global envolvendo mais de cem governos e partes interessadas, com o objetivo de desenvolver princípios comuns voluntários para garantir que a transição energética seja justa e sustentável em todos os aspectos.
Este novo enfoque visa promover a equidade, transparência e respeito aos direitos humanos ao longo de toda a cadeia de suprimento mineral. A iniciativa também busca incentivar investimentos responsáveis e práticas sustentáveis que não apenas impulsionem a economia global, mas também beneficiem comunidades locais e povos indígenas que muitas vezes são afetados negativamente pela mineração.
“Ao migrarmos para um mundo movido por energias renováveis, não podemos ignorar os desafios éticos e ambientais que enfrentamos”, afirmou Guterres. “Os minerais críticos são uma oportunidade crucial para os países em desenvolvimento, mas devem ser gerenciados de forma a garantir justiça e igualdade de benefícios para todos.”
Portanto, enquanto avançamos na revolução das energias renováveis, é essencial orientar nossos esforços para garantir que essa transformação não apenas reduza as emissões de carbono, mas também promova um desenvolvimento sustentável inclusivo e globalmente justo.