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Mistério dos 7 sois na China: Fenômeno explicado pela ciência

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O vídeo que viralizou nas redes sociais, mostrando um suposto fenômeno de “7 sóis” nos céus da China, deixou muitas pessoas perplexas e curiosas. As imagens começaram a circular na segunda quinzena de agosto de 2024, mostrando o que parecia ser uma visão incrível e, aparentemente, inédita: sete sois brilhando simultaneamente no céu da província de Chengdu, na China. Esse cenário inusitado levanta diversas questões: será que o fenômeno é real ou uma farsa? E se for verdadeiro, qual seria a explicação científica por trás disso?

Primeiro, é importante abordar a origem do vídeo. A filmagem foi feita por uma pessoa anônima, aparentemente internada em um hospital, no 11º andar, em Chengdu. Com mais de 20 milhões de habitantes na província, é curioso que apenas uma gravação desse evento tenha surgido na web. Esse fato, por si só, já levanta uma suspeita em relação à veracidade das imagens.

Apesar de muitos especularem que o vídeo poderia ter sido manipulado digitalmente, não há indícios de edição no conteúdo compartilhado. No entanto, isso não significa que o fenômeno dos “7 sois” seja real. O que ocorre aqui é uma ilusão de ótica causada por um fenômeno físico bem compreendido: a refração da luz.

A ciência por trás da ilusão dos “7 sois”

A refração ocorre quando a luz atravessa diferentes materiais, mudando de direção e criando imagens distorcidas ou replicadas. No caso do vídeo de Chengdu, o que vemos não é um fenômeno natural no céu, mas sim a refração da luz solar nas várias camadas de vidro da janela do hospital de onde a filmagem foi realizada.

As janelas hospitalares são compostas por várias camadas de vidro para garantir isolamento térmico e acústico. Quando a luz do sol passa por essas camadas, ela pode ser refratada de maneira que cria múltiplas imagens do astro, replicando-o de forma enfraquecida a cada vez. Por isso, as cópias dos sois no vídeo parecem ser mais fracas que o original, e o padrão das nuvens ao redor também se repete, um sinal claro de refração.

Esse tipo de ilusão é comum em superfícies de vidro espessas ou compostas por múltiplas camadas. Outro exemplo clássico de fenômeno semelhante é o conhecido “efeito halo”, em que um anel luminoso se forma ao redor do sol ou da lua, causado pela refração da luz em cristais de gelo na atmosfera.

Reflexos e ilusões de ótica

Esse não é o primeiro caso em que a refração em superfícies de vidro gera ilusões de ótica impressionantes. Em 2015, por exemplo, um suposto avistamento de OVNI na Austrália, capturado em uma fotografia, foi desmentido após investigações revelarem que o “OVNI” era, na verdade, o reflexo de uma luminária de hotel. Assim como no caso dos “7 sois” de Chengdu, o reflexo em superfícies de vidro criou uma imagem intrigante, que confundiu muitas pessoas.

A percepção visual humana, combinada com as propriedades ópticas de certos materiais, pode gerar eventos que parecem extraordinários à primeira vista, mas que têm explicações científicas bastante simples. No caso de Chengdu, o efeito foi amplificado pela perspectiva de quem filmou, o que levou à multiplicação das imagens do sol.

Fenômenos atmosféricos incomuns

Embora o fenômeno do vídeo tenha sido causado por refração em vidro, existem eventos naturais que podem gerar ilusões de ótica nos céus, como os halos solares ou lunares mencionados anteriormente. Esses halos são causados pela refração da luz em cristais de gelo suspensos na atmosfera, normalmente em nuvens cirrostratus. Dependendo das condições climáticas, os halos podem criar círculos luminosos ao redor do sol ou da lua, e até gerar formas de “sois falsos”, conhecidos como parélios, em que manchas brilhantes aparecem ao lado do sol verdadeiro.

Além dos halos, outros fenômenos atmosféricos, como miragens, também podem distorcer a aparência de objetos celestes. Miragens são causadas pela refração da luz em camadas de ar com temperaturas diferentes, e podem fazer com que o horizonte pareça distorcido ou que objetos distantes apareçam em locais onde não deveriam estar.

O impacto das ilusões na era digital

Com o avanço da tecnologia, fenômenos visuais capturados em vídeos se tornam rapidamente virais, gerando especulação e debate entre usuários das redes sociais. Muitas vezes, essas imagens são compartilhadas fora de contexto ou sem uma análise científica adequada, levando a teorias da conspiração ou explicações sobrenaturais. É essencial que, diante de fenômenos como o dos “7 sois”, o público busque fontes confiáveis e análises técnicas antes de tirar conclusões precipitadas.

As ilusões de ótica são fascinantes, mas elas também ressaltam a importância da ciência para desmistificar o que parece ser inexplicável. A refração da luz e outros fenômenos ópticos são estudados há séculos, e suas explicações fazem parte do campo da física. No entanto, em tempos de rápida disseminação de informação, é fácil ser enganado por imagens que, embora reais, não mostram a verdade.

Suposto disco voador era, na verdade, o reflexo do lustre na janela! (foto: Reprodução/Facebook)
Suposto disco voador era, na verdade, o reflexo do lustre na janela! (foto: Reprodução/Facebook)

O caso dos “7 sois” vistos em Chengdu é um excelente exemplo de como fenômenos óticos podem enganar nossos sentidos. O vídeo não foi manipulado digitalmente, mas o que parece ser uma visão espetacular no céu é, na verdade, uma ilusão causada pela refração da luz nas camadas de vidro da janela de um hospital.

Assim como em outros casos de ilusões visuais, como o reflexo de luminárias confundido com OVNIs, o fenômeno nos ensina a importância de olhar para o mundo ao nosso redor com uma abordagem científica e crítica. Os céus ainda guardam muitos mistérios, mas, muitas vezes, a explicação está bem diante de nós — ou, neste caso, nas janelas que nos cercam.

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