É comum ouvir que o Brasil não tem montanhas, mas entender sua formação revela que existem sim. Algumas são fruto de forças tectônicas, outras de erupções vulcânicas ou movimentos de falha. Segundo o CONAMA, montanhas são elevações com altura superior a 300 metros. Exemplos brasileiros são o Pico da Neblina e o Pão de Açúcar, que se encaixam nessa definição. No entanto, as montanhas brasileiras são antigas e desgastadas, com altitudes modestas e topos arredondados. Serras como a Mantiqueira e a do Mar também se enquadram, formadas por movimentos verticais de soerguimento.
O que são montanhas e como elas se formam?
Antes de responder se no Brasil existem montanhas ou não, é necessário entender como elas são formadas. Algumas montanhas são formadas pelas forças internas da Terra que movimentam as placas tectônicas, causando dobramentos na crosta terrestre em limites de placas convergentes (que se chocam). Este processo é chamado de orogênese.
Essas montanhas são conhecidas como dobramentos modernos e foram formadas na Era Cenozóica (65 milhões de anos e portanto recente na escala de tempo geológica). Estes dobramentos são inexistentes no Brasil. Alguns exemplos são as formações da Cordilheira dos Andes e Himalaia.
Outras montanhas são formadas por erupções vulcânicas que acumulam a lava no entorno de sua cratera, como por exemplo o Kilimanjaro na África. Há também aquelas que são formadas por blocos de falhamento, que modificam terrenos planos transformando-os em perfis escarpados, que depois ganham contornos montanhosos, como é o caso da Serra Nevada, nos Estados Unidos.
Agora que já sabemos como são formadas, iremos conceituar o que é montanha consultando a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 303, de 20 de março de 2002. Nesta resolução, a montanha é definida como uma “elevação do terreno com cota em relação a base superior a trezentos metros”. Esta cota em relação a base superior é denominada de altura, que é diferente de altitude conforme pode ser visto na imagem abaixo.
A altitude é a distância entre o nível do mar e a extremidade superior de uma montanha, já a altura, refere-se a base da montanha a extremidade superior do ponto mais alto. Por exemplo, o ponto mais alto do Brasil, o pico da Neblina, tem uma altitude de 2995 metros, porém de altura, possui 1000 metros.
Para exemplificar melhor: se alguém hipoteticamente caísse do pico da Neblina, a queda seria de aproximadamente 1/3 da altitude, já que a altura corresponde a 1000 metros. Em outras palavras, a base do pico da Neblina está a 2000 metros de altitude. Em alguns casos como o Pão de Açúcar no Rio de Janeiro (396 metros), a altura coincide com a altitude, já que a base se encontra no nível do mar.
O Brasil tem montanhas sim!
Se para o CONAMA montanha é tudo aquilo que tem uma altura superior a 300 metros, o pico da Neblina e o Pão de Açúcar com seus 1000 metros e 396 metros de altura respectivamente podem ser considerados montanhas. Portanto, no Brasil existem montanhas sim!
No entanto, as montanhas existentes no Brasil possuem uma formação muito antiga, originadas há bilhões de anos atrás, como por exemplo, a Serra do Espinhaço, considerada a única cordilheira do Brasil. Estas formações são consideradas dobramentos antigos, que sofreram um grande desgaste pelos agentes externos ao longo de bilhões e milhões de anos. Sendo assim, as altitudes do relevo brasileiro são modestas e o topo de nossas montanhas não são pontiagudos, são arredondadas. Também por conta de suas baixas altitudes, não possuem neve em seu topo.
As chamadas serras, que tem este nome intuitivo por se parecer com a ferramenta dentada para corte, é basicamente um conjunto de montanhas que possuem terrenos acidentados com fortes desníveis e muitos picos.
A Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar foram formadas a partir da epirogênese, onde ocorreram movimentos verticais de soerguimento. Para se ter uma dimensão deste soerguimento e do processo erosivo que esculpiu o relevo, alguns granitos foram formados a 30 quilômetros abaixo da terra e hoje afloram na Serra do Mar a mais de 1800 metros de altitude. Quanto tempo não foi necessário durante o processo erosivo e o soerguimento desta rocha em aproximadamente 32 quilômetros? A estas elevações originadas, podemos sim dar o nome de montanhas!