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Poluição do Ar e Seus Efeitos Devastadores na Saúde Infantil

 

O recente relatório State of Global Air 2024, publicado pelo Instituto de Efeitos na Saúde (HEI) em colaboração com a Unicef, destaca uma questão alarmante: as crianças são excepcionalmente vulneráveis à poluição do ar. Segundo o relatório, mais de 700.000 crianças menores de cinco anos perdem a vida anualmente devido aos impactos adversos da poluição atmosférica, o que equivale a uma média de cerca de 2.000 mortes por dia. Esse número não apenas ilustra a magnitude do problema, mas também ressalta a urgência de ações eficazes para mitigar a poluição do ar e proteger as gerações mais jovens.

É crucial notar que o impacto da poluição do ar na saúde das crianças pode começar ainda antes do nascimento. O relatório revela que aproximadamente 570.000 mortes neonatais são atribuídas anualmente à exposição a ar poluído durante a gestação. Essa estatística demonstra como a poluição atmosférica não afeta apenas a saúde das crianças após o nascimento, mas também pode comprometer sua saúde desde o útero.

No entanto, a poluição do ar não se limita a afetar as crianças. O relatório também revela que, em 2021, houve aproximadamente 8,1 milhões de mortes em todo o mundo devido aos riscos associados à inalação de ar poluído. Somente a hipertensão arterial causa mais mortes entre adultos, enquanto a desnutrição continua a ser a principal causa de mortalidade infantil. De acordo com a Agência Europeia do Meio Ambiente (EEE), as doenças associadas à poluição do ar incluem acidente vascular cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica, cânceres de traqueia, brônquios e pulmão, asma agravada e infecções respiratórias inferiores. Além disso, a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) classificou a poluição do ar, especialmente as partículas finas conhecidas como PM2,5, como uma das principais causas de câncer.

Para compreender melhor o perigo das partículas PM2,5, é importante saber que elas são partículas finas com um diâmetro de 2,5 micrômetros ou menos, aproximadamente 30 vezes menores do que o diâmetro de um fio de cabelo humano. Essas partículas são geradas principalmente pela queima de combustíveis fósseis e biomassa, que ocorre em uma variedade de fontes, incluindo veículos de transporte, residências, escritórios, lojas, usinas de carvão, atividades industriais e incêndios florestais. Dada a sua minúscula dimensão, as partículas PM2,5 têm a capacidade de penetrar profundamente nos pulmões e até mesmo na corrente sanguínea, resultando em sérios problemas de saúde.

Os níveis de PM2,5 são particularmente elevados em áreas urbanas e industriais, onde a concentração de fontes de poluição é alta. Assim, os residentes de cidades estão mais expostos aos riscos associados à poluição do ar. Países do sul da Ásia, em particular, enfrentam a maior carga de doenças relacionadas à poluição do ar. No entanto, isso não significa que países desenvolvidos estejam imunes ao problema. No Reino Unido, por exemplo, os níveis de PM2,5 são 1,5 vezes superiores às diretrizes de qualidade do ar estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2023, a vila de Church Hill, na Irlanda do Norte, foi identificada como o local com a melhor qualidade do ar no Reino Unido, enquanto Surbiton, no sudoeste de Londres, estava entre os lugares com os piores níveis de poluição. Globalmente, as cidades do sul da Ásia dominam a lista das dez mais poluídas, enquanto Kuusamo, na Finlândia, se destaca como um exemplo de excelente qualidade do ar.

A crise de saúde pública causada pela poluição do ar é tão grave que a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o acesso a um ambiente limpo, saudável e sustentável como um direito humano universal, com ênfase especial na proteção das crianças. Essa declaração sublinha a importância de adotar medidas para combater a poluição do ar e proteger a saúde pública.

Apesar do cenário preocupante, há notícias encorajadoras. O relatório também aponta para melhorias significativas na conscientização sobre os danos da poluição do ar doméstica. Desde o ano 2000, houve uma redução de 53% na taxa de mortalidade infantil para crianças menores de cinco anos, atribuída ao aumento do acesso a fontes de energia limpa para cozinhar. Essa melhoria é um exemplo positivo de como intervenções direcionadas podem ter um impacto substancial na saúde pública.

No entanto, a jornada para enfrentar a poluição do ar e proteger a saúde global está longe de terminar. A implementação de políticas mais rigorosas para reduzir as emissões de poluentes, a promoção de alternativas de transporte sustentável e o investimento em tecnologias limpas são passos cruciais para mitigar os efeitos adversos da poluição do ar. Além disso, a educação pública e a conscientização sobre os riscos da poluição e as formas de minimizar a exposição são essenciais para promover um ambiente mais saudável e sustentável para todos.

Em suma, a poluição do ar continua a ser um desafio significativo para a saúde global, especialmente para as crianças, que são particularmente vulneráveis. O relatório State of Global Air 2024 fornece dados cruciais que destacam a gravidade do problema e a necessidade urgente de ação. Enquanto as iniciativas para melhorar a qualidade do ar e proteger a saúde pública avançam, é fundamental continuar a monitorar a situação, promover políticas eficazes e educar o público sobre a importância de um ambiente mais limpo e saudável.


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