Uma ‘tempestade perfeita’ de seca, conflito armado e políticas controversas ameaça desencadear uma grave crise de fome em partes da Etiópia. Organizações de ajuda alertam para uma situação tão severa quanto as fomes devastadoras dos anos 80, com a região norte do Tigray particularmente vulnerável após anos de conflito. Getachew Reda, presidente interino de Tigray, denunciou que a maioria da população está em risco iminente de fome devido à escassez de alimentos e recursos limitados para enfrentar a crise. Relatos crescentes de mortes por fome destacam a urgência da situação, enquanto a resposta humanitária enfrenta desafios significativos de acesso e coordenação. A ONU estima que mais de 20 milhões de etíopes precisam de assistência alimentar, embora apenas uma fração esteja sendo atendida devido a restrições e disputas logísticas. A suspensão temporária das entregas de ajuda alimentar pela USAID e pelo Programa Alimentar Mundial da ONU agravou ainda mais a situação, revelando uma crise humanitária exacerbada por políticas de redistribuição desviadas e conflitos contínuos entre as autoridades tigrayanas e o governo federal. Enquanto a ajuda alimentar é gradualmente retomada com verificações mais rigorosas, a situação climática precária, exacerbada pelas mudanças climáticas, continua a agravar a crise. A Etiópia, um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, enfrenta a pior seca em quarenta anos, agravada por padrões climáticos La Niña que exacerbam a aridez em regiões já impactadas. O desafio persistente é mitigar os efeitos das mudanças climáticas enquanto se responde às necessidades humanitárias urgentes em uma das regiões mais afetadas da África Oriental.