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Geo Síntese

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Tensão em Ladakh: Conflito entre China e Índia sem disparos

Na noite de 23 de junho de 2020, tropas da China e da Índia iniciaram um conflito entre os dois países, na região disputada de Ladakh, que resultou em mortos e feridos de ambos os lados.

O que mais surpreende nesse episódio de confronto entre as duas maiores populações do mundo, é que não houveram baixas por armas de fogo, e sim, ataques com paus, pedras e armas brancas. Qual a explicação para isso?

Tanto a China quanto a Índia são potências nucleares. Assim como na Guerra Fria os Estados Unidos e a União Soviética chegaram a um consenso de que um conflito seria um suicídio coletivo, um conflito envolvendo armas de fogo na fronteira entre a China e a Índia originaria uma escalada de tensões que seria devastador para ambos.

Contraditoriamente, a posse de armas nucleares garante a paz na região! Portanto, fique tranquilo, não haverá uma guerra entre China e Índia, mas é importante entendermos como esse conflito (que não é algo novo) começou, além de entendermos seus possíveis desdobramentos.

Entenda o conflito entre a China ea Índia

As fronteiras indefinidas

A região onde ocorreu o conflito entre tropas chinesas e indianas no dia 23 de junho está situada na fronteira entre os dois países na cordilheira do Himalaia, a mais de 4000 metros de altitude

Por conta da topografia e do clima da região, a fronteira chamada de Linha de Controle Real é indefinida, já que há rios, lagos e calotas de gelo que estão congelados em uma parte do ano e que depois sofrem degelo, alterando a paisagem constantemente. Esse fato, foi a causa de constantes conflitos que se arrastam há décadas, porém, sem o uso de armas de fogo.

A China se recusa a reconhecer as fronteiras traçadas no período colonial britânico desde 1950, o que originou um violento conflito com a Índia no ano de 1962. 

A fronteira atual é baseada em uma linha de cessar fogo definida após esse conflito que teve a vitória da China, que afirmou o controle sobre Aksai Chin, na tensa região da Caxemira, ocupada por chineses, indianos e paquistaneses.

Agravantes do conflito

Alguns anos antes, em 1959, a Índia havia concedido asilo político a Dalai Lama após a Revolta no Tibete, o que gerou desconfiança nos chineses sobre seus reais motivos.

O conflito da última semana pode ter tido origem com a controversa medida indiana tomada em em 2019, que acabou com a autonomia dos muçulmanos sobre a Caxemira. 

Essa medida, que visa reforçar a ocupação na região, fez com que a China, que não concordou com a medida, se aproximasse do Paquistão, inimigo histórico da Índia.

Essa relação entre China e Paquistão inclusive, é contestada pela Índia, que acusa os chineses de fornecerem ao Paquistão mísseis e tecnologia nuclear. Além disso, a Índia reivindica da China uma área de 38 mil km 2 (área do estado do Rio de Janeiro), onde atualmente ocorre o conflito. A China reivindica todo o Estado de Arunachal Pradesh, que chama de Tibete do Sul, afastado da área do atual conflito.

O que está em disputa?

A disputa pela região localizada na cordilheira do Himalaia, envolve a posse e o controle de recursos hídricos, além do próprio controle da cordilheira como uma barreira natural de importância militar estratégica, como forma de defesa.

Para firmar a ocupação na região, a Índia iniciou a construção de inúmeras rodovias, inclusive ligando-se a uma uma base aérea que reativou no ano de 2008

Já a China, construiu um corredor econômico com o Paquistão, passando pela Caxemira, em áreas reivindicadas pela Índia. Junto a esses fatos, há uma intensa movimentação de tropas nas fronteiras indefinidas, que faz com que se eleve a tensão e cause preocupações. 

Apesar das tensões, é improvável que China e Índia, ambos grandes parceiros comerciais, entrem em conflito direto, especialmente durante a pandemia. Ambas as nações evitam uma escalada militar que possa colocar em risco suas próprias populações, dada sua posse de armas nucleares.

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